sábado, 24 de março de 2012

036 - 2a. Parte - Construindo uma cidade - Segundo dia


Segundo dia...

Sábado, 21 de Janeiro de 2012

Combinamos não chegar cedo demais, pois nada haveria para fazer, mesmo assim às 7:30h da manhã já estávamos no terreno...


O dia estava lindo, o sol se exibia em todo o seu esplendor e a temperatura logo começou a se elevar...

Felizmente aquela pequena árvore nos deu certo abrigo enquanto falávamos sobre as expectativas da obra...

Embora estas fossem imensas, por volta das nove horas da manhã o assunto estava esgotado e a ansiedade que as madeiras ou o tratorista chegassem começou a tomar conta de nós...

O telefone toca...

              Era Marcela da madeireira...

Se calhar necessitava de mais informações sobre o local de descarga...

                           Aqui é um pouco complicado de se chegar...

Depois de nos cumprimentarmos a notícia surgiu:

- Não iam poder fazer a entrega porque o caminhão não tinha conseguido efetuar todas as entregas do dia anterior e como tal, só segunda-feira a nossa mercadoria poderia ser entregue...


Meu Deus que catástrofe...

O material estava chegando e eu não tinha onde guardá-lo...

O universo estava conspirando contra mim... 

Ou será que alguém andou fazendo alguma macumbinha?... 

Neste Brasil há que pensar em todas as possibilidades...

Depois de tomar dois copos de água bem gelada para acalmar os ânimos, resolvi começarmos a furar as placas de MDF para ocupar um pouco a mente e escoar as tensões...

Até a máquina de furar estava contra nós e declarou-se arruinada após os primeiros furos...


Se carma existe, eu devo ter sido uma peste na minha vida anterior...


Tudo isso e o admirável sol, é claro, 
tinha aumentado em muito a minha temperatura e suava em bica...


A fim de evitar o ataque cardíaco eminente, resolvi ir ver se o tratorista tinha dado as caras...

Um pouco do ar condicionado do carro com certeza me faria bem...

Enquanto o encarregado José, arrumava as ferramentas e a decrépita furadeira, dirigi-me até ao carro...


Outra agradável surpresa... 


Não consegui entrar tal o calor que dele imanava...

A muito custo liguei o motor e o ar condicionado e aguardei do lado de fora que a temperatura daquele forno atingisse valores suportáveis...

Bem... Uma coisa pelo menos positiva aconteceu... 


O calor do dia estava tão elevado que a água do suor rapidamente se dissipou e deu lugar a uma sede angustiante...

Aquele lugar selvagem estava-me afetando...

Isto eu não tinha previsto isto em todos aqueles cenários no computador...


E a estória do sapo do filme “Uma verdade inconveniente” do Al Gore, não me saía da cabeça...

Para quem já não lembra, eu conto de novo:
Se colocarmos um sapo numa panela com água fria e a aquecermos muito lentamente, o sapo não sai, nem tenta sair e acaba morrendo cozido... Sempre achando que dá para agüentar...


Eu estava-me sentindo aquele próprio sapo... rss...

É claro que nesses momentos de pura reflexão negativa, também me lembrei das milhares de mortes (35 a 50 mil) ocorridas na Europa durante a onda de calor em 2003...

Às vezes a cultura atrapalha...

Voltando...

Quando a temperatura do carro baixou do nível de cozimento, lá fui eu dar uma volta pelo condomínio para ver se o tratorista estava fazendo algum trabalho em algum lugar recôndito, até que cheguei à portaria, onde a máquina retro escavadora jazia impávida e serena alheia a todos os meus sentimentos de raiva...

Já eram dez e meia e o mentiroso do tratorista não tinha aparecido...

Voltei para pegar o José e voltamos para casa... 


Um denso silêncio tomou conta do carro durante todo o caminho...


É claro que a voz da minha mulher teimou em ecoar vezes sem conta em meu toldado cérebro:

- Filipe porque te vais meter de novo em obra?... 

Porque não continuas trabalhando tranquilamente 
em casa e deixa isso para os mais novos?...


Chego em casa e vou descansar...
...


Português sonhador sofre...


Mas quanto maior o sofrimento, maior a glória...

Contando que sobreviva é claro... rss...



Não percam as novas aventuras...

                            O português sonhador sobreviverá?...