sábado, 26 de junho de 2010

011 – C. V. – O AP. - Água

Já ultrapassamos as 10.000 visitas... Está me surpreendendo...

Aos meus queridos leitores:


A nossa família está a ficar grande e já se estende pelos quatro cantos do Brasil...
Já temos várias faculdades espreitando aqui e ali, e até pessoas com certa experiência de vida nos brindaram com os seus comentários.

Eu não sei se vou conseguir continuar respondendo quase individualmente a todos vós, mas vou tentar...

Bia, José Augusto Lima e seus amigos, Rodrigo, Flavinha e sua turma, Margarida, Sofia e suas amigas, Rosangela, Paulo Roberto e sua esposa Elisabeth e a Nataly Almeida...

Realmente Portugalzinho está arrasando na copa e até a grande seleção canarinho quase perdeu o pio... rss
Não sei se vai conseguir manter esse ritmo, mas para mim já está bom demais... Já fez história com os sete a zero sobre a Coréia do Norte...
Vamos continuar torcendo pelo HEXA...

Muito obrigado pelos vossos comentários e continuem brincando sempre que puderem, pois a vida em si já é séria demais...

Filipinho, meu filho, levanta a questão da globalização...
Não creio que seja a globalização que esteja influenciando o nosso relacionamento pessoal.
Atualmente os condomínios que têm boas áreas de lazer, estão conseguindo resgatar o convívio entre vizinhos que tínhamos perdido...
Um local comum de qualidade estimula esse tipo de relacionamento, por mais esnobe que as pessoas sejam.
No outro aspecto eu acho que ele tem razão, nós temos que falar mais, discutir os problemas para que possamos fazer valer os nossos direitos de cidadãos conscientes...

Rodrigo, Flavinha e Maria Eduarda – Vocês futuros arquitetos me pedem um conselho...
Eu só vos posso dar o mesmo conselho que dou aos meus filhos, vivam a vida de uma forma digna e vibrante... Façam com que ela tenha um significado, nem que seja só para vocês... Se apaixonem por ela... Não trabalhem por trabalhar, mas se empolguem e dediquem-se naquilo que vocês acreditam e no que vocês melhor sabem fazer... Só assim vocês poderão ser verdadeiramente felizes e prestar os melhores serviços para toda a sociedade... E não se preocupem muito com dinheiro, dessa forma nunca serão ricos, mas também ele nunca vos faltará...
Tenham orgulho de serem vocês...

A Carla Alvarenga e a Maria Constança me indagaram sobre o combate à desigualdade que menciono no meu perfil...
Bem gostaria de esclarecer que considero que cada um de nós é um ser único, uma experiência genética única que nunca mais se repetirá no universo e como tal, um ser diferente... E que tem que ser respeitado como tal... Mas, e por outro lado, só pelo fato de ter sido convidado para este mundo, tem direito durante a sua formação, ao mesmo tipo de oportunidades, de alimentação, educação e convívio com as tecnologias vigentes para que quando atinja a maturidade possa seguir o seu caminho de forma independente podendo expressar assim a sua individualidade de forma consciente na sociedade.

Helena, Alexandra Novais, Marinete, Rosangela, Marilena Carvalho, galera da faculdade (ufrj), Marcilio e Maria Augusta e amigos da faculdade de Pernambuco, Margarida e Sofia, Sonia F Silveira de Mato Grosso, anônima que quebrou o pé, e fãs, muito obrigado pelos seus comentários e elogios...

Futuros engenheiros – estou aguardando as vossas dúvidas...

Dona Almerinda G. Batista e Dona Laura R.P.M. – Fico muito contente quando vejo pessoas tão experientes me brindarem com a vossa sabedoria...
Muito obrigado pelos vossos elogios calorosos, me sinto muito lisonjeado...

_____________________________________________________________

Água




É muito difícil falarmos da primeira necessidade do ser humano – a água...

O assunto é muito sério...
Mais de 70% do nosso corpo é dela composto...

E tal como acontece com tudo o que nos é oferecido graciosamente, nós desprezamos, não damos o devido valor e chegamos ao cúmulo de estragarmos...



O mundo tem muita água...
Mas só 0.007% é doce e está disponível em rios e lagos...

E esses rios e lagos nem sempre estão onde são mais necessários...

O Brasil é riquíssimo em água...
12% da água doce do mundo está aqui,
só que 70% dela está na Amazônia...

O problema é que só um pequeno percentual da população brasileira é que vive por lá...



E os recursos que temos à mão, nós simplesmente o poluímos, já que cerca de 80% dos esgotos são lançados nos aqüíferos “em natura”, sem qualquer tipo de tratamento, isto sem falar da poluição industrial...

A água é um recurso tanto infinito quanto limitado... Eu explico... Sempre haverá água na terra e sempre na mesma quantidade, mas em locais distintos...

Cerca de 26 países já estão com problemas sérios de água....

Morrer de sede é muito pouco provável, já que só necessitamos de cerca de dois litros por dia, mas morrer de fome por falta de água é muito provável mesmo...

Isto sem falar das 4400 pessoas que morrem diariamente por beber água, neste caso de má qualidade... E esse número tende a aumentar...

Por que morrer de fome por falta de água?...

É que nós gastamos cerca de 70% dela na agricultura, e tem muitos rios importantes secando ou se deteriorando (Yangtzé na China, o Ganges na Índia, e o Nilo no Egito,)...
E alguns já não alcançam o mar
em certos períodos de estiagem...

...Sinais dos novos tempos...

Por outros motivos vimos até o maior rio do mundo, o nosso querido rio Amazonas passar por maus bocados em 2005...

Já o aquecimento global está afetando os nossos estoques de água doce...



...As geleiras...



Elas são responsáveis por alimentar muitos rios durante o período de seca do verão.

As do Himalaia estão desaparecendo a um ritmo assustador e vão afetar 1.3 bilhões de pessoas...

http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1666265-EI8278,00.html

........................................

A Cidade de São Paulo corre ao mesmo tempo o perigo de morrer afogada e de sede...

A água já está escassa e para piorar... Dos 3.4 bilhões de litros de água produzidos diariamente em São Paulo,
um bilhão se perde (30.8%)...
E não estamos falando de desperdícios dos utilizadores, só das chamadas perdas até chegar ao utilizador...

Creio que em Minas Gerais se passa o mesmo fenômeno...

E no Rio de Janeiro, no rio Guandu, a coisa também é séria com a população jogando o seu esgoto diretamente no rio sem qualquer tratamento...

Um dos melhores investimentos que há é o saneamento básico...
Pode ter retorno de até 34 vezes...
(para cada dolar investido em saneamento poupa-se até 34 dolares em saúde)
Mas parece que as ações não estão em alta...

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1204387-5603,00-INVESTIMENTO+EM+SANEAMENTO+BASICO+TRAZ+GRANDE+RETORNO+AFIRMA+OMS.html


...............................

As atrocidades são tantas que poderíamos ficar aqui quase que eternamente falando sobre isso...

É assim que, o ser dito mais evoluído da terra, trata o seu bem mais precioso...

Nós sem água
morremos em 3 dias...
Sem diamantes e sem ouro vivemos "eternamente"...

Mas... A água é totalmente reciclável... E ela se auto-purifica durante o seu ciclo virtuoso...
Aliás, ela é fantástica...

Ela como que se auto-protege da temperatura baixa criando uma camada protetora...


Já repararam que ela em estado sólido é mais leve que no estado líquido?... E são necessárias 80 calorias para ela fazer a sua transformação, quase direi metamorfose...

É por isso que ela pode ser usada como acumuladora de energia nos bancos de gelo que já vos falei...

E por outro lado, a sua expansão quando assume o seu outro estado, o gasoso, faz com que a usemos nas nossas termoelétricas e nos motores a vapor...

Sabiam que a única forma de acúmulo de energia de alta capacidade que dispomos atualmente são as albufeiras (os lagos artificiais que se formam quando construímos as barragens...)

Sim, até quando ela cai, além dos espetáculos maravilhosos que nos proporciona, ainda dá para extrairmos eletricidade... E muita...






Até o arco-íris é por ela formado...

E apesar de tudo isso é talvez um dos bens mais mal tratados pelo ser humano...

............................


Mas, deixemo-nos de lamentações e enfrentemos o problema...


Afinal como tratar a água?...

Questão matemática...

Temos que aprender a fazer contas...
Muitas das vezes erramos e feio...

Creio que pela forma imediatista como nos ensinam a encarar a vida, esquecemos de fazer as contas na sua plenitude e os resultados por vezes são catastróficos...

Eu vos dou um exemplo bem simples...

Atualmente fabricamos cerca de 1 bilhão (1.000.000.000) de sacos de supermercado por dia...
(sim é por dia mesmo eu não me enganei...)


Eles são extremamente baratos... Ou parecem ser...

Mas demoram cerca de 400 anos para se degradarem
e voltarem a ser assimilados pela natureza...

E durante esse tempo o que acontece?... Qual o prejuízo que causam?...

No centro do oceano pacífico, no vórtice criado pelas correntes (o chamado “vórtice do lixo”), existe uma zona onde todos esses restos de plásticos se estão acumulando...
É a maior lixeira do planeta - 680 mil quilômetros quadrados...




Segundo este link que vos passo,
um milhão de aves e 100.000 mamíferos morrem por dia,
fruto desse legado mortífero humano...
http://theurbanearth.wordpress.com/2008/07/24/a-sopa-de-plastico-do-oceano-pacifico-the-pacific-ocean-plastic-soup/

Este é o preço real dos sacos plásticos...

Uma pilha é bem baratinha não é?...

Consomem-se cerca de 800 milhões por ano só aqui no Brasil e uma só pilha consegue poluir cerca de 3.000 litros de água...

Mas assim não dá para se ter idéia; vamos fazer as contas direito:

As 800 milhões de pilhas anuais conseguem poluir
a água consumida durante quase
3 anos pelos paulistanos.

Ahhhhhhhh agora deu para entender legal...

http://www.pec.uem.br/pec_uem/revistas/arqmudi/volume_10/numero_03/2-GOMES-MELO.pdf

Elas contêm vários metais pesados cuja concentração é responsável por um poder poluitivo muito grande...

Até os lençóis freáticos estão sendo afetados e apesar de algumas leis terem sido constituídas, não vemos no nosso dia a dia medidas compatíveis com tamanhos perigos de toxidade...

Esse é o verdadeiro preço das pilhas que colocamos cada vez mais
nos brinquedos das nossas crianças...

.............................

Agora que aprendemos a fazer contas já podemos olhar para a água de uma forma diferente...

Se pensarmos em fazer uma cisterna para acumularmos a água da chuva, verificamos de forma imediatista que ela é totalmente antieconômica, mas...

Quando vemos o nosso carro boiando na enchente provocada pela não retenção da água das chuvas, pensamos melhor...

O manto de concreto e asfalto com que impermeabilizamos as nossas cidades são os principais responsáveis por esse tipo de catástrofes...

Querem fazer contas novamente?...

São Paulo tem 1.528km2, se chover 10mm de chuva (considerada chuva moderada), teremos (1.528.000.000m2 x 0.010m) ou seja 15.280.000m3 ou seja 15.280 milhões de litros de água.


Quase 2.400 campos de futebol com um metro de água de altura...

E toda essa água vai se acumular nos lugares mais baixos...

Assim dá para ver o porquê das enchentes... E da necessidade de solos permeáveis e das cisternas...
Sem falarmos das vidas humanas que sempre estão envolvidas, os prejuízos materiais de uma enchente são sempre enormes...


Junto com a água vem a lama, as doenças... Depois o bolor...
É desesperador... Até os imóveis sofrem grande desvalorização...

Então essas cisternas talvez sejam afinal das contas,
muito baratas depois que se aprende a fazer contas...

........................


Como racionalizar a água

Algumas perguntas logo afloram:

Será que podemos viver só com a água da chuva?
A água da chuva é potável?
Será economicamente viável ou só um sonho utópico? (eu e os meus sonhos utópicos...rss...)

Primeiro vamos ter que saber de quanta água nós vamos necessitar para que depois possamos ver se temos chuva suficiente, após nos situarmos geograficamente para sabermos os índices pluviométricos, já que estes variam bastante de local para local.





Consumo de água residencial

O consumo de água residencial varia muito de país para país...

E mesmo dentro de cada país também varia com a faixa de poder aquisitivo.

Um problema muito sério aqui no Brasil, e que parece estar sendo retificado em algumas regiões, é a água ser condominial nos edifícios, dando a falsa idéia de que se pode gastar à vontade...

Se a isso aliarmos uma baixa educação no tocante à poupança de água, vamos ter como resultado grandes desperdícios desse bem tão precioso.




. Clique para aumentar


Clique para aumentar
No gráfico acima, vemos uma média de consumo do ser humano por dia.

Vamos ver primeiro as técnicas de redução de consumo sem afetarmos o conforto.

A quantidade que jorra de um ponto de água depende de dois fatores:

Pressão
e
Diâmetro

A pressão varia com a altura da caixa de água e o diâmetro depende da abertura efetuada até ao limite da bitola do cano usado.

Em maior parte dos apartamentos devemos instalar redutores de pressão ou de fluxo que nos ajudarão a poupar muita água, já que quando ela nos chega com pressão muito alta, além da difícil vedação, não temos grande controle sobre o fluxo.

Eles existem no mercado embora sejam muito pouco divulgados.


http://www.fabrimar.com.br/produto_selecionado.asp?ref_produto=1661&cat_produto=Economia%20de%20%C1gua&tipo=&linha=Reguladores


1. Arejadores ou “perlizadores” e arejadores de spray.

As torneiras de qualidade já trazem arejadores incorporados na saída das torneiras.

Têm como função aumentar o volume visual de água com a introdução de ar nela.

O fluxo de água confortável numa torneira normal é de 12 a 18 litros por minuto, mas com arejador encontramos esse mesmo conforto a partir dos 5 a 6 litros por minuto.

Isto se deve a alguns fatores:

O primeiro é psicológico, ao vermos um caudal volumoso o nosso cérebro assume-o como suficiente para as nossas necessidades.

O segundo é que essa água nos chega num turbilhão caótico se espalhando de forma prazerosa e resolve de forma eficaz as nossas necessidades.

O resto é o timing... Nós temos um tempo quase que pré-estabelecido e limitado para cada tarefa, então se o fluxo é metade do normal nós acabamos poupando metade da água.

Mas, ainda temos mais alternativas...

http://www.dracoeletronica.com.br/arejadores.htm

Neste link vamos encontrar um arejador que além de usar esse recurso também faz uso do chuveirinho e reduz de 6 para 1.8 litros por minuto.



Até no mercado livre nós encontramos isso:

http://www.youtube.com/watch?v=PMHE7jN3Oc4

São idéias como esta que nos podem salvar...

Reparem, de 18 litros por minuto já passamos para 1,8 – conseguimos poupar 90%... Ou no outro caso de 6 para 1,8 – 70%...

Em qualquer um dos casos é impressionante...

2. Chuveiros economizadores

Vamos agora atacar um dos grandes vilões de água e não só...

O problema do chuveiro é muito delicado e os estudos que tenho visto creio não analisarem o âmago da questão...

Eu digo que é muito delicado porque mexe com duas coisas vitais:
a energia (elétrica ou gás)
e a
água.

E mexe de forma significativa em ambas...












Cerca de 30% da água se gasta no banho e se usarmos o chuveiro elétrico este é responsável por 25% da energia total da casa...

Nestes links estão três estudos econômicos sobre 5 tipos de chuveiros (elétrico; gás; GLP; boiler e solar).


No primeiro estudo ao atribuir uma vazão muito grande ao chuveiro solar faz com que o elétrico vença.

Já no segundo e terceiro estudos, onde aparece a situação hibrida solar versus chuveiro elétrico, esta solução vence.


Já no link acima a Bosch alega que o aquecedor a gás tem um custo benefício melhor...

Afinal onde está a razão?...

Tem algum mistério nisso tudo?...

Não tem mistério nenhum, tem pontos de vista diferentes, mas nenhum pode fugir à física...

A física diz-nos o seguinte:

Para se aquecer um litro água a uma determinada temperatura gasta-se “x” calorias...

E ponto final...

Agora de onde vêm essas calorias é que temos de analisar... E quais as perdas dos sistemas...

Os fabricantes de chuveiros elétricos dizem-nos que consomem pouco, mas o fato é que eles aquecem muita pouca água – têm um fluxo entre 2.5 e 4 litros por minuto...

Todos que já os experimentaram num dia frio de inverno sabem do sofrimento causado,...
Quase traumático – rss...

Ele não pode ser comparado com um sistema de 8 litros por minuto que nos dá um conforto muito bom...

Temos que analisar aqui 4 coisas:

1. Fluxo – qual o fluxo de água mínimo que nos proporciona um banho confortável.
2. Preço - Qual a forma mais barata de aquecer esse fluxo.
3. Sazonalidade - Caso o sistema seja sazonal qual o sistema que o complementa.
4. Perdas - Quais as perdas inerentes ao sistema.


Vamos à primeira – Fluxo.

Creio que se formos para uma situação intermédia – 6 litros/minuto com alguns artifícios - nós vamos obter um bom nível de conforto e por outro lado não descoramos o lado econômico.









Novamente o arejamento foi aqui considerado para nos elevar o conforto, mantendo-nos dentro de um fluxo bem baixo.


Segunda - Preço

Relativamente à forma de aquecimento é bem simples responder a essa questão.


Como a durabilidade do sistema de aquecimento solar é muito grande e quase não requer manutenção, e tem um preço razoável, é sem dúvida a melhor escolha para este quesito.
Mas nem tudo são flores...
Este sistema de aquecimento traz-nos dois problemas:
Sazonalidade e desperdício de água até esta atingir a temperatura desejada.

Terceira - Sazonalidade

Aqui no Estado do Rio de Janeiro, mesmo no inverno, o Sol nos visita com muita freqüência, pelo que se tivermos uma cisterna térmica para estocagem de água quente para duas semanas (1500 litros considerando-se 4 minutos/banho/pessoa e 4 pessoas), e um sob dimensionamento dos painéis solares, creio que podemos resolver facilmente esse problema.

É claro que este quantitativo deverá sofrer um estudo específico.

Caso o estudo nos mostre alguma inviabilidade, um chuveiro elétrico de temperatura variável e se necessário com pressurização, vai colmatar os poucos dias em que se fizer necessário, com um nível mínimo de conforto requerido.

Alimentar esse chuveiro elétrico por painéis solares diretamente é totalmente inviável, mas através de baterias emergenciais, energia eólica ou hídrica pode ser a solução sustentável para o problema, embora eu ache que só o aumento da cisterna térmica o resolva.


Quarto - Perdas

As perdas deste sistema que acontecem pela espera até a chegada da água quente, em média uns 6 litros, dependem da distancia até ao reservatório...

Poder-se-ia pensar num sistema simples de movimentação cíclica da água nos canos de água quente, mas torna-se necessário uma pequena bomba que poderia ser facilmente alimentada por painéis solares... Isso resolveria este problema, mas creio não ser necessário, vamos mais a frente ver o porquê...

........................

Bem, até agora já reduzimos o consumo de água nas torneiras em pelo menos 70% e nos chuveiros 25% (8 para 6 litros/minuto) mantendo um bom nível de conforto.
Também retiramos os 25% de energia que o chuveiro elétrico consome, embora tivéssemos que investir em painéis solares térmicos e uma cisterna térmica...

Alguns ovos têm que ser quebrados para fazermos a nossa omelete... rss...
Fazem parte daquela taxa de 20% que eu chamei de ecológica ou de felicidade...

Vamos atacar o próximo vilão – o vaso sanitário...


Os vasos sanitários de caixa acoplada normais usam de 6.8 a 12 litros por descarga.

Atualmente já encontramos no mercado vasos sanitários economizadores de água que na sua maioria apresentam o sistema dual flush.

Usando 6 litros para descarga total e 3 litros para meia descarga é possível uma boa economia de água, já que normalmente só usamos o vaso para o numero um (artigos sólidos) uma vez por dia, mas para o número dois (artigos líquidos também conhecida por retirar a água do joelho.... rss...) umas três a cinco vezes.

No gráfico de distribuição do consumo de água por habitante está consignado o uso de 46 litros para o vaso sanitário, ou seja, umas 4 descargas de quase 12 litros.

Então a troca por um dual flush considerando uma descarga completa e as outra três meias descargas iremos gastar – 6 + 3 x 3 = 15 litros
poupando assim 31 litros de água – 67%...


clique para aumentar
Agora o nosso gasto de água por pessoa passou de 150 litros para 98.7 litros.

Fizemos uma poupança significativa de 51.3 litros – 34,2 %,
só usando pequenas peças de baixíssimo custo, escolhendo um chuveiro e um vaso sanitário economizadores de água...

Ah sim, também poupamos 25% de energia, embora investíssemos algum dinheiro no sistema de painéis solares térmicos.

Mas ainda podemos ir mais longe...

Vejam este estudo sobre reuso de águas cinzentas...


Por aqui vemos que podemos perfeitamente e dentro da lei, usar as águas cinzentas provenientes da máquina de lavar, tanque, lavatório e banho, após devidamente filtradas através de filtro anaeróbio de brita e aeróbio de areia, com a simples adição de cloro (luz ultravioleta ou ozônio).


clique para aumentar
Neste gráfico vemos os totais por tipos...

Então se racionalizarmos o consumo passando a usar essas águas cinzentas devidamente tratadas no vaso sanitário, na rega do jardim e na limpeza da calçada, os nossos gastos per capita ficam assim:

clique para aumentar
Os gastos per capita de 150 litros passam para 64.7 litros
poupando-se assim 85,3 litros – 57%
(mais da metade da água)...

Mas, se considerarmos que ainda vamos aproveitar 15,7 litros na agricultura, poder-se-á dizer que o
consumo real per capita ficou em 49 litros
67% de poupança (mais de 2/3)...

Muito bom, considerando-se que só aproveitamos o que está atualmente disponível no mercado, usamos estudos já efetuados e um pouco de massa cinzenta...

Agora já podemos responder à dúvida sobre o desperdício de água que temos até ela nos chegar quente ao banho...
Como a água que nos sobra nós a vamos utilizar na agricultura, ela não é desperdiçada, só temos o custo da sua transformação em água potável, que neste caso deverá ser bem baixo (cloro, luz ultravioleta ou ozônio).

Relativamente ao tratamento do esgoto, será o nosso próximo tema.

Bem, agora vamos ver se a nossa
utopia de auto-sustentabilidade com base na água da chuva
é ou não utópica...



Primeiro temos que ver se a água da chuva é ou não potável...

Nestes links abaixo, temos dois estudos acadêmicos sobre a água da chuva que me parecem muito bons.


Por esses estudos verificamos que a água da chuva é quase potável, mesmo com os níveis de poluição atuais das nossas cidades, e onde ela mais se deteriora é nas superfícies de coleta, normalmente telhados, de onde absorvem coliformes fecais das aves e animais domésticos e outras sujidades.

Após filtrar e decantar, um leve tratamento com cloro, luzes ultravioleta e ou ozônio, seguida de uma boa filtragem final, resolve tal situação, desde que tenhamos o cuidado de descartar as primeiras chuvas de lavagem.

De qualquer forma a água destinada ao consumo humano, em especial a ingerida em natura, deverá sofrer uma atenção muito especial, ou água mineral, ou ser recolhida em locais especiais onde a limpeza terá que ser a tônica principal...

Bem, água potável nós já temos, mas será que teremos quantidade suficiente?... Vejamos...

Está previsto que os nossos condomínios comportem 192 apartamentos em quatro edifícios e cerca de 700 pessoas...

Para essas setecentas pessoas necessitamos de (700x65x365) 16.600.000 litros / ano (sabendo que vai sobrar para a parte agrícola (65-49) 16 litros por pessoa).

No Estado do Rio de Janeiro o índice pluviométrico anual em 2009 oscilou entre 1.237 e 1.989mm por m2.

Usando um número intermédio de 1.650 mm/ano/m2, nós necessitaríamos de uma área de coleta de (16.600.000 / 1.650) 10.060m2.

Em cada edifício temos uma área de coleta cerca de 5.500m2 que se traduz num total de (5.500x4) 22.000 m2.

Então quer dizer que se a estocarmos toda em cisternas previstas por debaixo dos quatro edifícios, ainda nos vai sobrar bastante para a nossa horta
((22.000x1.650)-(700x49x365))
23.780.500 litros...

Se retirarmos 20% para perdas teremos em média sobrando mais de
1,5 milhões de litros por mês...

. clique para aumentar
Nada mal... Deu e ainda sobrou bastante...
(eu não digo que devemos checar essas tais de utupias...)

Bem, então com base nestes dados, podemos ver que
relativamente à água,
a nossa cidade verde
pode ser totalmente autônoma
desde que se respeite,
não desperdice,
estoque
e
trate essa dádiva dos céus,
as águas das chuvas...






É claro que um rio por perto ou alguns poços artesianos seria sempre bom termos para uso emergencial.


Aqui não foram vistas as perdas por evaporação das águas recreativas, que pouco influem.




clique para aumentar
Quanto mais industrializado é um país, mais água gasta nesse setor.
Muitos estudos estão sendo realizados para se verificar o fenômeno da "exportação de água"...
Eu explico: se para se produzir um quilo de trigo gastamos 625 litros de água ao exportarmos esse trigo é como se exportassemos essa água...
fonte: http://base.d-p-h.info/pt/fiches/dph/fiche-dph-7548.html
Estudos específicos serão necessários de acordo com as industrias a serem implantadas na nossa cidade verde.

As necessidades de água destinada ao setor agrícola de abastecimento à cidade e que está previsto ficar contíguo a esta, será analisada mais tarde.

Convém dizer que isto é um esboço feito a grosso modo só para nos dar uma luz ou um caminho possível.

Tudo isto merece um estudo específico e detalhado após a escolha do local.

Deixo aqui alguns vídeos do youtube sobre alguns dos assuntos vistos...


__________________________________________________________________________


Bem, saí vitorioso mais uma vez, embora um pouco molhado... rss...

Posso não ter dado os sete a zero como a minha seleção, mas pelo menos não passei vergonha...
(ou pelo menos até agora... rss...)

Conseguimos:

1. Água suficiente para a cidade sem canos e tubos por toda parte...

2. Diminuir incrivelmente o consumo “per capita”, mantendo um bom nível de conforto.

3. De quebra aposentamos o chuveiro elétrico, a gás ou boiler, poupando assim muita energia...

4. Ah sim... Adeus à conta da companhia de água...



Nada mal, lembrem-se que estamos em tempo de copa... rss...






sexta-feira, 18 de junho de 2010

010 – C. V. – O ap. - Refrigeração

Já ultrapassamos as 7.000 visitas...

Isto “tá” a ficar sério...

Aos meus leitores:

Muito obrigado à Bia e suas amigas que pela segunda vez deixaram comentários calorosos... Também temos recebido elogios de professoras (Maria Rosa e Neilma Guimarães)... Sinto-me muito lisonjeado pelas palavras de encorajamento que deixaram...
Paula, Angélica e Helena, sejam muito bem vindas e obrigado pelos comentários.
Relativamente à pergunta da Alexandra Novais de Curitiba, desejo esclarecer que esta cidade verde pode ser construída em qualquer lugar tropical desde que tenha água. Se possível em terreno pouco acidentado e ocupa um quadrado de cerca de 15 x 15 km...
Obrigado também ao casal Paulo Roberto e Elisabeth Vieira e Souza que deixaram um comentário bem caloroso.

____________________________________________________________________

Eu chamei de refrigeração porque a geladeira aqui no Brasil é chamada de frigorífico em Portugal...



30% da energia residencial aqui no Brasil é gasta em refrigeração.
Esse valor é muito elevado e preocupante.

Há algum tempo nos Estados Unidos o governo preocupado com o gasto de energia obrigou os fabricantes a reduzirem significativamente o consumo dos refrigeradores, e assim aconteceu... A indústria conseguiu tornar muito mais eficientes as suas máquinas baixando para metade o consumo, mas... Houve um grande revés... O tamanho das geladeiras mais do que duplicou...

Assim não dá...

E o pior é que o resto do mundo olha para isso como sinal de evolução e modernismo...



As geladeiras viraram autênticos cômodos... A antiga despensa, se é que alguém ainda se lembra dela, agora virou geladeira...

E não existe qualquer necessidade para isso...

Nós vamos ao supermercado e encontramos maior parte dos alimentos fora da geladeira...

Os alimentos foram pasteurizados, temos embalagens de última geração para conservação, além da ajuda da química, que nem sempre é bem vinda... E mesmo assim vemos essa tendência...

A grande pergunta é – será que realmente é esse o caminho?...

E logo outra surge...

É mesmo necessário seguirmos por esse caminho?...


Não há ser vivo (pelo menos feminino) que não fique babando quando vemos as novas e super-equipadas cozinhas americanas...

Geladeira enorme em aço escovado, dois fornos gloriosos, ilha de trabalho imensa encimada com um granito polido esfuziante, com uma grande placa de vidro negro com discos por indução... Uma coifa espetacular que mais parece saída de um filme de ficção científica... Armários incríveis... Etc. etc. etc. ...

Lindíssimas mesmo...
Mas...
Alguém está disposto a passar metade da vida pagando por toda aquela parafernália?...

Não cabe nem nos nossos bolsos nem nos nossos apartamentos...

Tem carros mais baratos que algumas coifas... E apartamentos mais baratos que essas glamorosas cozinhas...

Pensemos um pouco...





Atualmente quase não comemos em casa, receber para comer então nem se fala...









As mulheres reclamam e muito bem, que querem é ir para um restaurante, onde possam curtir realmente a refeição e toda a farra que nela sempre se faz, sem ter que passar 4 horas na cozinha fazendo a comida e outras tantas lavando e arrumando-a que ficou em estado de sítio...

Vejam este caso verídico...

A minha cunhada quando estava fazendo o seu enxoval, sempre mostrava em primeiro lugar uma máquina fantástica que fazia quase tudo... Sucos, batia bolos, cortava batatas, cenouras e cebolas em todas as formas possíveis... Incrível mesmo...

Quando casou, usou-a uma vez e nunca mais pegou nela...
O corte das batatas foi realmente em 5 segundos, mas tinha passado meia hora lendo o manual para saber como se montava aquele treco e outra hora lavando aquele montão de peças que pareciam nascer das entranhas daquela demoníaca máquina... Desistiu é claro... rss...

Na ultima mudança para o novo apartamento, não vi aquela máquina por lá...

Deve tê-la dado para alguma falsa amiga ou inimiga declarada mesmo... rss....

Voltando à geladeira...

Quanto maior a geladeira, mais coisas nós vamos colocar lá dentro, necessitemos ou não...

Em vez de colocarmos três ou quatro cervejas, que resolveriam plenamente a situação, não... Colocamos a grade toda é claro... Refrigerantes, exatamente a mesma coisa...

A geladeira fica atulhada e a conta de energia dispara é claro...

Isto para não falarmos do freezer...

Ele surgiu nos anos 70 ou 80 para que as pessoas pudessem comprar as frutas e legumes da época e congelá-los para uso posterior...

Fantástico... Muito bom...

Só que os tempos mudaram...

Não há mais tempo para isso e o mercado também reagiu... Atualmente os mercados têm os seus próprios frigoríficos que permitem um quase completo deslocamento sazonal.

Mas a moda pegou e continuamos vendo muitas pessoas com freezer...

Minha querida sogrinha tinha um até bem pouco tempo... Eu lhe disse vezes sem conta para desligá-lo...
Nunca tinha mais de um ou dois frangos congelados nele, que poderiam ficar tranqüilamente no congelador da geladeira, mas ela os mantinha lá para justificar o seu funcionamento...

Em alguns churrascos fez muito jeito sem dúvida, mas um ou dois sacos de gelo também teriam resolvido tranquilamente aqueles problemas pontuais...
.......

É...
A geladeira tornou-se mais um cômodo e bem caro por sinal, que necessita de tempo e atenção inexistentes nos dias de hoje, que normalmente vira uma bagunça de coisas com data de validade duvidosa...



Tal como os gelos antárticos quase que congela a história da família...

Dá para ver a comida que se comeu há quatro meses atrás e que ninguém gostou... Aquele restinho de sabe-se lá o quê... Aquela embalagem que deixou de se fabricar há dois anos atrás e até o pedaço do bolo do casamento do casal que alguns teimam em guardar até ao divórcio...



Vocês nunca repararam que a primeira coisa que a dona de casa faz quando retira uma comida da geladeira é cheirar?...

É para ver se está boa por que ela não faz a mínima idéia de há quanto tempo a colocou lá... rss...

Eu sei que em sua casa não é assim... Só nas casas que eu conheço... rss...


Voltando à geladeira...

Só por volta dos meus cinco ou seis anos é que surgiu a geladeira em nossa casa... (eu sei... sou velho mesmo... rss...)

Até lá, faziam-se compotas, picles e até polpa de tomate se engarrafava...

De vez em quando uma ou outra garrafa acabava rebentando fruto da fermentação de uma esterilização menos cuidada, mas ninguém morria...





Comia-se muito bacalhau (bons tempos – lembrem-se que sou português), muito barato na altura, que por ser seco e salgado não estragava.

Os enchidos defumados também eram muito usados pela mesma razão.

Era assim, antes de haver a geladeira...

É verdade que algumas coisas se estragavam e dependíamos de um abastecimento quase diário de bens frescos...

A primeira geladeira que nós tivemos, e que durou muitos e muitos anos, tinha o tamanho ligeiramente maior do que daquelas que vemos hoje nos quartos de hotéis.

Nós éramos seis ao todo... Meus pais, meus dois irmãos e um primo que passou lá quase toda a juventude e aquela geladeira deu muito bem para a nossa família...

Será que as coisas mudaram assim tanto?

É claro que mudaram muito, mas nem tudo para melhor...

Vamos ver se conseguimos melhorar a situação?...




Faz parte de cada condomínio na nossa cidade verde, uma grande área com cerca de 11.500m2 (maior que um campo de futebol – aproveitando o clima da copa) destinada ao cultivo de uma horta orgânica é claro e uma pequena parte dedicada a uma horta medicinal.








O fato de termos uma horta “no nosso quintal” retira a pressão sobre a geladeira desses itens...

Comecei bem...
Vamos ver se consigo manter o nível...

Se a isso somarmos um supermercado enfrente ao condomínio, que muito provavelmente terá um serviço delivery gratuito, vemos que poderíamos muito bem viver quase sem geladeira...


Xi... Arrasei... rss...






Então uma pequena geladeira com certeza resolverá aqueles pequenos problemas de conservação: O catchup, a mostarda, o pacote de ervilhas que não se gastou todo, etc., desde que tenhamos o tempo e a preocupação de não deixarmos congelar a nossa história por lá... rss...







Se por alguma razão a localização da nossa cidade verde, não permitir o aproveitamento da energia eólica (são necessários ventos com velocidades mínimas de 4.5m/s), podemos recorrer à técnica de banco de gelo (ice bank) muito usada nos Estados Unidos (não sei porque aqui não se usa já que é pelo menos duas vezes mais rentável)






Atualmente essa técnica é utilizada para o chamado desvio de pico (Off-Peak Cooling), ou seja, produz-se gelo quando a energia é mais barata e no pico de consumo quando a energia é mais cara usa-se o gelo na refrigeração.

No nosso caso poderíamos produzir gelo durante o dia, e à noite a refrigeração seria feita pelo gelo acumulado.
É uma técnica muito simples e fácil e qualquer fabriqueta de geladeiras faz isso facilmente...

Maior parte das pessoas não sabe, mas...


Clique para aumentar
A energia no comercio aqui no Rio de Janeiro no horário de pico (17:30 às 20:30) é 7.77 a 8.70 vezes mais cara que no horário normal, ou seja, o consumidor paga por uma hora de consumo o mesmo que por 7.77 a 8.70h no horário normal.

http://www.lightempresas.com.br/web/atendimento/tarifas/tevalor.asp?mid=868794297228722672287226

Se nós arredondarmos para 8 vezes para ficarem mais simples as contas, as 3 horas do horário de pico custam o mesmo que (3x8) 24horas de tarifação normal...

Por aqui dá para sentir o drama e a pressão existente na energia atualmente e quanto nos está saindo do bolso, pois somos nós que pagamos tudo isso é claro...

Bem...

Então com uma pequena geladeira, que provavelmente consumirá quase metade das atuais e com legumes frescos e de graça fechamos com êxito mais um quesito importante...

Então temos até agora:

Ar condicionado central natural alimentado por painéis solares
Apartamento com boa iluminação natural em todos os cômodos
Iluminação noturna inteligente e com lâmpadas muito econômicas
E agora uma geladeira pequena, mas que resolve as necessidades...
Horta “no quintal” com legumes frescos e gratuitos...


Mas “tá” bom demais...

Será que se manterá assim?...

Não percam os próximos capítulos de cidades verdes...

(eu sei... Está parecendo novela mesmo...rss...)