sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

034 - 2a. Parte - Construindo uma cidade - O caminho...


Minhas queridas leitoras (es),

Primeiro quero agradecer e retribuir a todas (os) vocês, os votos de boas festas e de boas entradas nesse novo ano que já nos espreita...

Que seja um novo ano com muita paz, tranqüilidade, saúde amor e alegria. Estes são os meus votos para todo o ser vivente deste imenso e belo planeta a que chamamos de Terra...

....................

Em "breve" responderei a todos os cometários efetuados...

...................



Eu sei... Desta vez pareceu mesmo que vos tinha abandonado, mas a realidade é um pouco diferente...

Não vou tentar me desculpar, pois vocês já conhecem todas as minhas desculpas (esfarrapadas é claro)... rss...

Mas, pelo menos vou me tentar justificar...

Este projeto tomou grandes proporções na minha vida e atualmente estou dedicando todos os meus esforços em torná-lo realidade...

Eu já expliquei mais ao menos, numa resposta que dei a uma de nossas leitoras, mas vou tentar explicar-vos melhor...

Afinal como fazer uma cidade?...

Esta era a questão para a qual eu tinha que encontrar uma resposta...

Eu sei que parece coisa de doido (e muito provavelmente será... rss...), mas essas pequenas coisas nunca me impediram de continuar o meu caminho...

Para mim nada é demasiado pequeno ou grande demais...

A grande questão é, e sempre será, encontrar o caminho, a solução, depois é só percorrê-lo...

Eu não estou dizendo que mesmo assim será um caminho fácil, mas será um caminho com direção, com principio, meio e fim...

Bem, mas a questão permanece... Como fazer uma cidade?...

Os emirados Árabes pegaram em 22 bilhões de dólares e estão construindo uma...

Pormenor... Eu não tenho 22 bilhões de dólares...

Tudo bem, só faltam os tais dos “bilhões”, já que os vinte e dois dólares ainda dá para arranjar... rss...

Então como resolver?...

Para tornar a coisa mais interessante, (ou maluca, como preferirem...), como se o desafio não fosse suficientemente grande, meti na minha cabeça, que não usaria o meu dinheiro, só o mínimo necessário, e estabeleci como meta um investimento máximo de dez mil reais...

Agora a pergunta é:

Como fazer uma cidade com dez mil reais?

Impossível... Será a resposta obvia...

Eu penso um pouco diferente...

Considero que o ser humano monetariza demasiado a vida e deixa de ver o que realmente importa – as idéias...

Se a idéia for realmente boa, com certeza sempre haverá pessoas dispostas a investir...

Então, o importante mesmo não é necessariamente o dinheiro, mas sim idéias credíveis...

Tudo bem, até aqui fui bem, mas será que há alguém pronto para investir numa cidade, e ainda por cima numa cidade verde?...

Com certeza, que sim, mas teria que ser um projeto a nível governamental e iria encontrar muitos adeptos...

Um esforço conjunto de todas as universidades, promovendo e desenvolvendo idéias, seria fantástico...

Se levado a sério e com honestidade...

Mas todos nós sabemos, a política neste país (e suponho que em todos os outros), não é tão séria e honesta o quanto gostaríamos que fosse e portanto esse caminho está totalmente fora de cogitação...

Bem, se o caminho certo e lógico está vedado, quais as alternativas que temos?...

Essa coisa de verde é muito bonita, mas não dá dinheiro a ninguém, aliás, todo o mundo diz, que é muito caro e por isso não podemos sequer pensar nisso...

Atualmente, mesmo sendo um assunto quase do dia a dia, ainda é visto como um movimento de gente “meio fresca”, que quer aparecer ou estar na moda, quais profetas apocalípticos, mas nada muito sério, pois com certeza que se fosse assim tão sério os governos já estariam tomando as devidas precauções...

Mesmo que algumas das profecias já façam parte do nosso quotidiano:

- Elevação da temperatura na terra com conseqüências desastrosas nas enchentes, secas, tempestades e tufões...

- “Tsunami” passou a fazer parte do nosso vocabulário depois da virada do século...

- Apagões, já viraram rotina...

- Elevação dos preços dos combustíveis para patamares nunca previstos...

- Recessão e depressão nas maiores economias do mundo (USA e UE)...

Parece que não são ainda o suficiente para uma tomada de consciência global e prioritária...

E o pior, é que ameaça parar com a chamada roda da vida (econômica é claro), ao afirmar que temos de parar com o consumo desenfreado...

O consumo leva a produção e esta leva ao emprego, e sem emprego ninguém vive...

Esta é a roda da vida da nossa civilização e que se continuar assim rodando nos irá atropelar e com certeza nos levará à morte...

Quando ela pára entramos em recessão e quando ela dá marcha a ré é a chamada depressão...

A grande diferença é que esta depressão não tem “prozac” que dê jeito...

Como ela é totalmente insustentável, gerando um desperdício anual de 730 milhões de toneladas de lixo e deglutindo trilhões de litros combustíveis fosseis diariamente e finitos (tic... tac... 2059), sabemos que o fim se aproxima, mas como está a quinze ou vinte anos de distancia, o ser humano não consegue visualizá-lo como real ameaça, e continua aguardando um milagre tecnológico que nos salve do precipício que alguns insistem afirmar que se avizinha.

Como vêm os ventos não estão soprando muito a nosso favor, mas (e este “mas” é muito importante...) se conseguirmos dar a volta à questão, encontrar um foco importante, talvez haja uma pequena luz no fim nesse imenso e obscuro túnel...

Muitos de vocês estão-se perguntando:

- Mas terá alguma coisa mais importante que o fim da raça humana?...

Tem sim, por incrível que pareça...

Se perguntarmos a todo o mundo se quer investir em algo que pode ajudar o futuro da sobrevivência da raça humana, ou ganhar um dinheirinho agora, elas não hesitam e logo perguntam:

- Mas afinal como eu posso ganhar essa graninha extra?...

O caminho é esse...

É só transformar o verde em dinheiro, que todo o mundo vai querer...

A velha ganância continua emanando o seu chame, o seu canto das sereias...

Então é só transformar a cidade num negócio rentável que tudo se resolve?...

Mais ao menos, não é assim tão fácil...

Já encontramos o caminho, agora falta encontrar o “como” trilhá-lo...

Por melhor que seja o negócio de se construir uma cidade, os riscos são imensos, então temos que os reduzir...

Negócios com risco zero não existem, mas com baixo risco existem muitos...

Pensemos...

Para se construir uma cidade, teremos que construir edifícios e ruas...

Maior parte desses edifícios serão residenciais é claro...

Então estamos falando de casas ou apartamentos...

Como a construção civil é uma atividade econômica que dá lucro, está quase tudo resolvido...

O quase, aparece aí, porque uma coisa é construir uma casa normal e outra é construir uma casa sustentável...

Mas será que existe mercado para as casas sustentáveis?...

Com certeza que sim, desde que não sejam muito mais caras e funcionem bem...

Um dos problemas sérios de muita das soluções sustentáveis, verdes ou ecologicamente corretas, é que maior parte delas ou não são práticas ou não existem infra-estruturas funcionando de forma a torná-las viáveis...

Eu vou-vos dar dois exemplos:

Coleta seletiva do lixo...

Será que alguém acha prático o convívio com 2, 3, 5 ou mais caixotes do lixo diferentes em casa?...

E como se isso não bastasse, anda temos o problema do transporte desse mesmo lixo separadamente e o seu armazenamento...

Engarrafar o óleo usado é uma tarefa plausível, mas tem alguém o recolhendo?...

Ou esperam que a dona de casa após um dia de trabalho exaustivo e depois de:
- Pegar as crianças correndo na escola, fazer de jantar, lavar a louça, dar banho nas crianças, pôr a roupa para lavar, passar a ferro enquanto vê a tele-novela, dar um jeitinho na casa...

Ainda vá ferver soda caustica (que por acaso só emite vapores tóxicos) para transformar o óleo usado em sabão?
..................

Quando analisada desta forma, que é a forma correta, é a realidade da vida, com certeza que o tal verde, logo vira vermelho de raiva...

...............

Então temos que fazer primeiro uma casa modelo, onde testaremos todas as propostas sustentáveis para depois a transformarmos numa proposta comercial rentável...

Custo aproximado: 300 mil reais...

Como este valor se situa um “pouco” acima do meu orçamento previsto, comecei a pensar em formas de angariar esse montante...

Um outro aspecto que temos que resolver, é a questão do tempo...

Para construir uma cidade de 50 mil habitantes, pelos meios normais existentes seriam necessárias milhares de pessoas e muito tempo...

Então se conseguíssemos resolver alguns dos problemas que assolam a construção civil aqui no Brasil, com certeza que aumentaria muito as chances de tornar viável o nosso projeto.

Esse assunto já fazia parte dos meus pensamentos e eu já tinha identificado um dos maiores problemas da nossa construção civil, só necessitava de tornar as minhas idéias numa experiência prática...

Após ter resolvido o principal problema, todos os outros foram resolvidos de forma simples e usando os recursos já existentes no mercado...

Mas uma coisa interessante aconteceu...

Quando os dados começaram a surgir, reparei que conseguiria construir uma casa (50m2) em um mês e que mesmo não poupando em mais nada, a redução de mão de obra em conjunto com o retorno do capital, transforma esta atividade muito rentável e ao alcance de quase qualquer um...

Eu explico melhor:

Mesmo que a casa custasse tanto quanto qualquer outra, só a redução de tempo já a transformaria num excelente negócio, vejamos:

Uma casa demora a construir, de 6 a 12 meses...

Então se a vendermos por 100mil e tivermos um lucro bruto de 20%, ganhamos 20mil reais nesse período, ou seja de 1.700 a 3.300 reais por mês...

Mas se ela demorar a construir só um mês, ganhamos os 20mil reais num mês...

Viram a diferença?...

Se a isto somarmos, sem lixo e sem desperdício, logo vemos que encontramos algo de grande valia financeira...

É claro que a redução drástica na mão de obra também acaba influindo bastante no preço final, mesmo tendo-se lançando mão de algumas técnicas e materiais um pouco mais dispendiosos...

O próximo passo foi patentear a idéia...

Depois disso iniciei as experiências para realizar o meu invento e as coisas começaram a ficar meio complicadas...

Quando vi que o processo ia ficar muito dispendioso, procurei outro caminho e obtive o que necessitava...

É claro que o processo acabou consumindo bastante tempo e gastando um pouco de dinheiro...

Mas sobrevivi... Fantástico...

Iniciei a fase de publicidade... rss...

Fiz alguns filmes e um montão de planilhas e então liguei para um grande amigo de longa data...

Acordamos construir então uma casinha para testarmos os princípios e vermos se no fim, as coisas correspondem minimamente com o previsto...

Ele acabou trazendo outro amigo que por sorte é advogado e está me ajudando tratando de toda a papelada...

Eles então estão investindo e eu fazendo todo o resto...

Eu não disse que se a idéia fosse boa o investimento logo apareceria?...

Mas (eu sei que os meus “mas” são terríveis às vezes...) nem tudo são flores...

O método construtivo, embora com base em materiais tradicionais, obriga a um projeto executivo super minucioso e de excelente qualidade...

Mas afinal o que muda? Qual a grande idéia...

Nada demais, aliás não trás nada de novo...

Trata-se da industrialização da construção civil...

Mas isso já não existe?...

Existe sim, mas só no nome...

Com exceção de alguns métodos construtivos existentes no Brasil, o grosso da indústria da construção civil de indústria não tem nada...

Ela continua sendo totalmente artesanal, por isso não existem certezas, nem prazos... É tudo na base do mais ao menos, do talvez e do “não se preocupe que sai na massa”...

Aquela crônica bem humorada que fiz é muito real...

Mas então como industrializar a construção civil?...

E se, tal como acontece com a indústria automobilística, em vez de construirmos passássemos a montar?...

Imaginem a montagem de um kit – um kit casa... Eu já vos havia falado que seria um puzzel (quebra cabeças) – só que este é bem grande, tem cerca de sete mil peças e todas terão que encaixar perfeitamente...

Assim dito fica bem fácil, mas...

Todas as rosas têm os seus espinhos...

O projeto é bem sensível a mudanças...

A última, o fabricante do bloco não conseguiu cumprir com uma das especificações acordadas, ele disse que era só um milímetro em cada meio bloco, ou dois no bloco inteiro...

Realmente uma insignificância, mas esse milimetrizinho somado em quarenta meios blocos dão quarenta milímetros, ou seja quatro centímetros...

Conclusão, as medidas dos canos, fios, conduítes, inclinação do telhado, etc., foi tudo para as cucuias, e tive que refazer todo o projeto...

O projeto do telhado já foi feito e refeito várias vezes vou ter que o rever pela última vez, pois só agora encontrei o fabricante...

E é no meio desta loucura que eu me encontro...

Acesso todos os dias ao nosso blog e fico doido para vos escrever, mas está difícil mesmo...

Já cheguei inclusive a escrever duas resenhas, mas não ficaram muito boas devido ao meu grau de comprometimento para com o projeto...

A responsabilidade é muito grande...

Na minha conturbada cabeça, o futuro da nossa cidade verde depende muito dessa experiência...

Mas a realidade é que eu me cobro demais, sou terrivelmente perfeccionista e é claro, o estresse acaba aparecendo...

Hoje acordei às quatro horas da madrugada para fazer um trabalho para um cliente e comecei a escrever, pois o Natal está aí na porta e eu não podia deixar de o fazer, mas por volta das onze horas acabei adormecendo pois o cansaço se fez sentir... Uma hora depois fui acordado pelo cliente me cobrando o trabalho e para me desejar boas festas...

Vida de português sonhador não é fácil... rss...

Para ajudar a festa, vou viajar durante a primeira semana de janeiro, visitando de novo o Sul do país que eu tanto gosto, talvez até encontre algumas de vocês que moram nesse paraíso, e como quero iniciar a construção (montagem) em Janeiro, as coisas estão ficando meio que apertadas para mim...

Espero iniciarmos esta empreitada na terceira semana de Janeiro e terminarmos em Fevereiro...

Se tudo der certo, então duas coisas acontecerão:

Vou tentar fechar em regime de permuta uma área para a construção de 50 a 100 casas...

Iniciarei a venda dos kits para construtores.

Organizar essa nova empresa, e colocar tudo em pleno funcionamento deve demorar cerca de um ano...

Com a construção das 50 casas devemos capitalizar o suficiente para iniciarmos o desenvolvimento da nossa casa sustentável...

Essa prazerosa tarefa, irá tomar-nos mais um ano e renderá com certeza muitas e boas estórias...

Depois disso, tentaremos fazer um pequeno bloco residencial de doze apartamentos para vender, usando todo o conhecimento acumulado...

Mas desta vez já serão apartamentos de três quartos, como os previstos na nossa cidade verde...

Esse núcleo quando repetido três vezes dá lugar ao edifício que integra os nossos condomínios da cidade verde...

Talvez a questão do fogão solar, não possa ser desenvolvida de imediato, ficando para mais tarde a sua implantação.

Se tudo correr como o previsto e as pessoas realmente aprovarem o tipo de construção, partiremos então para a construção de um pequeno condomínio com um edifício de 48 apartamentos com uma boa área de lazer e se possível com hortinha e pomar...

Aquecendo os tamboris...

O próximo passo será a construção do nosso primeiro condomínio usando o modelo da cidade verde, com quatro edifícios, grande horta, grande pomar, excelente área de lazer e com todos os aparatos de sustentabilidade em funcionamento...

Se eu conseguir chegar até aqui, vou considerar o meu sonho totalmente realizado...

Mas se forças ainda tivermos, continuaremos e o próximo passo será a construção de um bairro com seis condomínios iguais e o edifício central com supermercado, lojas e salas...

A cidade verde é claro, será o último e derradeiro passo...

Agora vocês podem ver e sentir o porquê do meu estresse com esta pequena casinha...

Ela até pode ser pequena, quase insignificante eu direi, mas os resultados serão realmente muito grandes, pelo menos para mim e para os meus sonhos mirabolantes é claro...


Até breve...